terça-feira, 31 de maio de 2011

O fim justifica os meios?


Esta pergunta serve como continuação da discussão anterior. Porquê? Bem, acho que seria válido perguntar se, por exemplo, num caso de vingança, se o fim justifica os meios. Ou seja, se para "fazer justiça" [que é o fim] justifica alguém fazer qualquer coisa para que possa conseguir o que quer. Mesmo que não seja um caso de vingança, seria lícito, digno, benéfico, prudente ou justificável fazermos qualquer coisa pra atingir algum objetivo? Acho que essa é uma questão que temos que fazer intimamente à nossa consciência. Para alguns a resposta é sim, para outros, como eu, a resposta é não. E por quê? Vamos ao meu desenvolvimento sobre o tema. Como já disse, não estou aqui para julgar quem ou o que quer que seja, mas é sabido [e não é de hoje] que existem pessoas que fazem isso. Faço apenas questionamentos e reflexões sobre variados temas sobre o cunho filosófico, espiritualista, científico e moral e os trago para cá, para os que estão interessados em conhecer e compartilhar.

Uma coisa é lutarmos para conseguir o que queremos, outra coisa é usarmos de qualquer artifício para atingirmos o objetivo. Há pessoas que passariam por cima de outras, trapaceariam, puxariam o tapete ou usariam outra[s] pessoa[s] ou nomes ou situações para se favorecerem ou se autopromoverem. Mas a pergunta mais importante é: eu também faço isso? Deveríamos vaculhar, senão sempre ao menos de vez em quando, o porão da nossa consciência e verificarmos se nos pequenos atos do dia-a-dia fazemos isso de alguma forma. E porque nos pequenos atos? Porque se soubermos fazer no pouco, saberemos fazer no muito. Por exemplo: se soubermos administrar nossas finanças e economias bem, com o pouco que temos, saberemos como fazer se tivemos muito [no caso de se ganhar na loteria]. Isso claro se não deixarmos a ganância, a avareza, o poder, o egoísmo e a ilusão de que somos melhores porque temos dinheiro tomarem conta antes.

Vamos a um exemplo prático e mais palpável. Não sou de assistir novela [pelo fato de não ser algo que considere muito útil e por estar trabalhando nos horários], mas como estou de repouso após a cirurgia em casa tenho assistido quase todos os dias [embora seja apenas as partes que me chamem a atenção, no caso apenas a personagem Dulce, vivida por Cássia Kiss, na novela das 19h]. Uma personagem muito simples, humilde e sofrida. Não é ela o exemplo que procuramos, mas sim seu filho na tal novela: Guilherme. Ele se fingiu ter estudado medicina enquanto usava o dinheiro suadíssimo que sua mãe mandava e depois voltou para a cidadezinha de onde veio. Lá deu um jeito de ser diretor do posto médico e tentou casar com a filha do prefeito da cidade. Sua mãe fazia de tudo para ele, até passar fome, e mesmo assim ele a "tratava mal". Sempre afirmava que fazia o que fazia porque ia ganhar muito dinheiro e, assim, poderia dar mais conforto. Sempre que confrontado vinha com sua desculpa: "Mas eu vou ganhar mais dinheiro e tudo vai melhorar, tudo vai dar certo". Tudo o que idealiza só pode ser feito mediante o dinheiro que tiver. Será que realmente precisamos de dinheiro pra vivermos bem e tratar bem as pessoas [neste caso, principalmente a própria mãe]? Será que dinheiro é fonte de felicidade? Será que é justificável ele maltratar a mãe e enganar a todos fingindo se passar por médico e fingir ser rico para se casar com uma moça porque ela é rica?

Ok, este exemplo é atual, mas não é de hoje que essa discussão existe [ao menos para quem lê nas entrelinhas]. Vamos a um caso mais clássico: Robin Hood [ilustrado na figura acima e ao lado]. O famoso camponês que roubava do rei para dar aos pobres. É justificável tirar de quem tem mais para dar a quem tem menos ou não tem? Acho que um roubo não deixa de ser um roubo, mesmo que seja do mais para o menos, para equilíbrio sócio-econômico. Um ladrão não deixa de ser ladrão porque o destino do objeto roubado é alguém que é pobre e quem foi roubado é muito rico, mesmo que esse dinheiro do rei tenho sido obtido de maneira ilícita ou pouco aconselhável. Portanto, o ato não deixa de ser um roubo e o ladrão não deixa de ser ladrão por ter dado um destino benígno ao que foi tomado de outrem. Para mim, deve ser tratado da mesma maneira que alguém que rouba na rua, seja uma loja, seja uma pessoa menos favorecida ou seja um ricaço. Tanto faz ser pobre roubando rico ou rico roubando pobre. Os fatores não alteram o significado nem o objetivo.

Podemos ser mais extremistas: seria correto matar em legítima defesa? "Obvio que sim, claro!" respondem as pessoas sem pestanejar. Para mim, que já entendi e senti [motivo pelo qual entendi verdadeiramente], a resposta é não. Quem sou eu para achar que minha vida é mais valiosa que a do outro, mesmo que esse outro esteja fazendo algo pouco recomendável? Não, todas as formas de vida são valiosas e importantes [inclui-se aí os animais e um dos motivos do vegetarianismo. Mas isso é outro assunto...]. Prefiro ser eu a ficar sem vida do que ser eu o autor da retirada de vida de outro, seja quem quer que seja e porque motivo seja. Mais uma vez podemos passar de vítimas a agressores, e a grande maioria das pessoas nem se dá conta disso. Aliás, a grande maioria das pessoas nem percebem que estão vivas...

Por hora fiquem com essa pequena reflexão.
Au revoir.

Um comentário:

  1. Concordo com você na questão,de que o fim,não justifica os meios.Confesso que na segunda parte,sobre (defender a própria vida);nunca havia parado pra pensar nisso e sinceramente,não sei se teria uma atitude tão nobre(o que dependeria muito da situação,pensando agora sobre isso).Falo no caso de uma violência /abuso,etc;acho que a pessoa tem e deve defender sua vida também(sendo esta dom de Deus e uma dádiva pra cada um de nós)e sendo assim ,estará valorizando isso -não desistindo da mesma ,lutando pela sobrevivência.Portanto neste sentido,de defesa pessoal,contra uma violência,covardia;acho justo e correto a pessoa se defender.Mas,respeito que pense diferente.
    Não sei se faz sentido pra você,mas como disse no encerramento do texto:algumas pessoas nem percebem que estão vivas...agora se sentem esta vida dentro delas,não é justo que "lute"pela mesma.Não falo em tirar vidas e muito menos estas justiças inflamadas que muitos defendem(também não concordo com isso e nem com vinganças).É um tema delicado,não sei se entende o que quero dizer;e prefiro e desejo que ninguém precise passar por uma situação dessas.Por que mesmo numa situação de defesa pessoal em último caso,na hora nunca sabemos como iremos reagir.Não sei ,realmente é um tema pra se pensar e refletir.LUZ.

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