sexta-feira, 20 de maio de 2011

Justiça ou vingança? - 1


Para começar, novamente vamos consultar o significado destas palavras no dicionário:
Justiça: Conformidade com o direito; a virtude de dar a cada um aquilo que é seu; A faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência; Prática e exercício do que é de direito; Retidão, uma das quatro virtudes cardeais.
Vingança: Ato ou efeito de vingar(-se); Punição, castigo; Atitude de quem se sente ofendido ou lesado por outrem e efetua contra ele uma ação mais ou menos equivalente.

Esses dois conceitos são muito conhecido por todos, mas ninguém costuma refletir sobre eles. Aliás, na grande maioria das vezes as pessoas conhecem muito mais a vingança do que a justiça. Independente do motivo que se tenha ou o tempo que se leve, costuma-se fazer justiça com as próprias mãos a esperar que a justiça seja feita por ela mesmo, seja judicialmente seja divinamente falando. E é importante que o conceito de justiça seja levado, aqui, a todas as interpretações possíveis.
Temos a justiça de Deus e a justiça dos homens. A justiça dos homens vale-se de parâmetros criados, estudados, discutidos, modificados e organizados em forma de leis e artigos ao longo da história. Isso tudo está destinado ao Direito, mas há pessoas que queiram fazer justiça fora desses parâmetros, mesmo quando contemplados com as prisões ou mortes daqueles que atentaram contra ele.
Para ilustrar contamos com vários e vários casos, mas vamos pegar 2 mais atuais: a morte de Osama Bin Laden e a vingança da personagem de Glória Pires. Após algum tempo na cadeia por um crime que não cometeu, ela resolve que o fulano lá deve "pagar pelo que fez a ela" e ao ser liberta sua vida passa a girar em torno de fazer justiça. Perde-se toda uma perspectiva de futuro, profissional e pessoal, para que viva única e exclusivamente para vingar-se. É triste ver uma pessoa passando por uma transformação tão radical quanto esta, e transformação no sentido negativo, cristalizando-se na mágoa, ódio e rancor. Isso porque é novela, daí ela também não precisa se preocupar com dinheiro, moradia etc, vivendo apenas em função de destruir a vida do outro que a fez mal. E são infinitos os filmes e personagens de novelas e peças teatrais que têm como tema a vingança. Tudo bem que vez ou outra isso consiga se concretizar, mas o acontece depois? O que se ganha em troca e o que vai se fazer da vida depois que conseguir sua vingança? Como é que vai ser tocada a vida?


Já o outro exemplo todos conhecem e a maioria compactua do resultado. Ao ouvir que Bin Laden estava morto quantos não foram os que exclaram "graças a Deus! Até que enfim."? Como se a paz mundial dependesse apenas de nos livrarmos da presença de um indivíduo. Podemos citar nesse mesmo exemplo o caso Nardoni, o massacre de Realengo e tantos outros. Em casos como esses, com tamanha crueldade, clamamos justiça esperando por vingança. Fosse apenas a justiça por ela mesma, deixaríamos as coisas nas mãos de advogados, juízes, delegados e promotores e "esqueceríamos" o que tinha acontecido. Mas, nessas circunstâncias, ao vermos os algozes a massa parte pra cima no "momento do linchamento", tomando um partido pessoal, justificando suas ações como merecidas pelo mal cometido por outro.
Conta-se nos dedos (talvez de uma das mãos) os que levaram uma prece singela em homenagem às essas pobres criaturas sem amor-próprio, que deixaram levar-se por ignorância e egoísmo. Lembram que eles têm que pagar pelo crime que cometeram, mas esquecem-se que também nós poderíamos estar no lugar deles. Aliás, nós estamos no lugar deles, mas a diferença consiste que um matou muitas pessoas e nós apenas mentimos, omitimos, seduzimos, chantageamos, mascaramos etc. Os fins e os meios mudam, mas não a intensão. São eles no lugar do nós, mas que mesmo assim não deixa de nos atingir. Alguns com ideais utópicos torpes chegam ao fanatismo de querer exterminar o mal do mundo, matando todos os que o fizerem, mas esquecem-se que, em maior ou menor grau, nós participamos disso. Isso é mostrado no desenho animado Death Note, onde um garoto quer tornar o mundo puro e justo matando todos os bandidos, esquecendo-se que quando faz isso, ele mesmo se torna o algoz. Não temos o direito nem o dever de julgar quem quer que seja, a não ser a nós mesmos e nossas atitudes. Passamos de vítimas para efetuadores do crime. E achamos que estamos certos, em nome da justiça...
A linha entre justiça e vingança é muito tênue. Temos que prestar atenção para percebermos que lado da linha estamos cruzando. Até porque, mais cedo ou mais tarde, somos sempre nós que a estaremos enfrentando de acordo com as várias outras leis que temos: compensação, retorno, causa/efeito etc.
Para fechar, podemos citar vários ditos populares sobre isso: aqui se faz aqui se paga, antes tarde do que nunca, quem com ferro fere com ferro será ferido e o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória.
Então, prefiro ficar com a justiça dos homens até onde ela pode ser levada e aguardar a justiça divida.
Vamos pensar.
Au revoir.

3 comentários:

  1. Muito bom os seus textos.Legal também o visual do blog e por parecer ser uma pesssoa aberta.
    Parabéns,continue sendo você e se mudar,só se for pra melhorar.

    ResponderExcluir
  2. Grato ao anônimo acima pelo comentário.
    E sim, sou bem aberto, mas dentro de limites, claro.
    Se tiver sugestões pode escrevê-las se quiser.

    ResponderExcluir
  3. Disse "aberto",no sentido de não ser uma pessoa preconceituosa.Os limites são sempre importantes.Obrigada também pelo retorno,é muito legal participar e ter retorno...
    Acho que deve continuar com seu estilo.Vi que gosta de música também,por que não postar mais sobre o assunto,músicas,vídeos...a relação da mesma,o que desperta,etc.Sobre comportamento,cotidiano,etc.Mas,você também já fala sobre isso,pelo que pude perceber.Vou ler todos os textos com mais calma depois.Conheci seu blog ,através de sua participação,no blog do Mauricio e achei legal os seus comentários.
    Vou procurar visitar o seu blog mais vezes.
    Um abraço.LUZ.

    ResponderExcluir